Presidente da República pode perdoar jovens recrutados por terroristas em Cabo Delgado

 Os jovens moçambicanos que foram recrutados pelos supostos terroristas para protagonizar ataques armados em alguns distritos de Cabo Delgado poderão beneficiar de perdão caso mostrem arrependimento pelos crimes cometidos.



A intenção foi manifestada pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, na cidade de Pemba, durante uma conferência de imprensa à sua chegada da República da Tanzânia, onde efectuou uma visita de trabalho a convite do seu homólogo.


“Encontrem forma para falar com as Forças de Defesa e Segurança para vocês voltarem ao convívio de nós todos. Nós vamos fazer tudo por tudo para o povo moçambicano compreender que foram manipulados e usados. Vocês não são assassinos por natureza, estão a ser movidos para essa guerra”, apelou Filipe Nyusi.


Para demonstrar a vontade de conceder o perdão aos terroristas arrependidos, o Presidente da República explicou o que aconteceu durante o último ataque à Ilha de Matemo, no distrito de Ibo, na semana passada.


De acordo com o Chefe do Estado, os jovens que entraram em Matemo foram repelidos pelas Forças de Defesa e Segurança. Estas fizeram tudo por tudo para que os mesmos jovens saíssem tranquilamente por saberem que “são inocentes”.


Além de Cabo Delgado, Filipe Nyusi falou igualmente da situação na zona centro do país, onde a Junta Militar da Renamo continuam a protagonizar ataques armados contra cidadãos civis.


“Sei que há divisões”, os homens de um grupo e de outro. Mas “a maioria tem consciência de que esta guerra não tem que ser movida”, por isso, os que pensam desta foram “vamos recebê-los. Vamos deixar o Nhongo sozinho” ou “com esse grupo” com o qual insiste em protagonizar ataques.


Àqueles que pretendem voltar à sociedade, Filipe Nyusi apelou para que “não hesitem” em contactar as autoridades “porque não foram feitos para matar” os próprios pais ou irmãos. O Presidente da República prometeu continuar com o espírito de perdão que caracteriza a sua governação.


Depois de abordar a situação de segurança no país, o Chefe do Estado explicou o objectivo da sua visita à República Unida da Tanzânia, onde esteve reunido com o respectivo presidente Jonh Magufuli.


“O objectivo da nossa visita foi mais para aprofundar as nossas relações de amizade e cooperação. Estas relações têm que ser sempre alinhadas, não é um produto acabado”, considerou Filipe Nyusi, revendo que na visita foram abordadas questões de segurança entre os dois países.


“Era um tema incontornável em função da realidade que o nosso país vive. Nós queremos desenvolver Moçambique e os tanzanianos querem desenvolver a Tanzânia. Querem água e energia. Querem boa habitação, estradas e comida e essas coisas só acontecem com segurança. Então, todos momentos em que se discute o desenvolvimento de um país ou de uma sociedade discute-se automaticamente a segurança. Demos nossos pontos de vista e explicamos qual a realidade actual de Moçambique”, explicou Filipe Nyusi, sem avançar detalhes do que concretamente foi abordado com seu homólogo da Tanzânia sobre a segurança.


Outro assunto tratado entre os dois chefes de Estado tem a ver com a construção de um hospital regional na Tanzânia, uma infra-estrutura que será apadrinhada por Moçambique.


“Os tanzanianos decidiram escolher Moçambique para poder abençoar a construção definitiva de um hospital regional. As obras já tinham iniciado, mas era mais no âmbito provincial. Agora decidiram que tem que ser no âmbito regional”, disse Nyusi, acrescentando que, nesse âmbito, “cinco províncias serão assistidas por aquele hospital”.


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