A Junta Militar da Renamo elegeu, há cerca de uma semana, nas matas localizadas arredores da serra da Gorongosa, província de Sofala, um novo líder, em substituição de Marino Nhongo, que morreu num confronto com as Forças de Defesa e Segurança, nas matas dos distritos de Cheringoma, há cerca de quatro meses.
Este facto foi tornado público no passado sábado, na cidade da Beira, pelo Ministério da Defesa Nacional, através do seu director das operações, Brigadeiro Chongo Vidigal, quando questionado sobre a situação actual da instabilidade militar na zona Centro.
“Na zona Centro, está tudo calmo, mas temos informações de que foram eleitos recentemente novos dirigentes da Junta Militar, nas matas de Gorongosa, facto que prova que este grupo ainda está activo e é, por isso, que nós ainda não desactivamos os nossos efectivos estacionados naquela região, tendo feito apenas alguma alteração em relação à realidade actual. A eleição do novo líder da Junta Militar preocupa-nos e redobramos a nossa vigilância, na base de acções operativas diárias, para podermos inverter qualquer acção de instabilidade”, explicou Vidigal.
Questionado sobre a identidade dos novos líderes da Junta Militar, o Ministério da Defesa Nacional disse não saber ainda. “Não temos informações suficientes para entrar em detalhes em relação a esta pergunta, mas a verdade é que a Junta Militar da Renamo elegeu novos quadros para liderança”.
O Brigadeiro Chongo Vidigal não confirmou nem desmentiu as informações não oficiais de que a Junta Militar pode ter sido reorganizada pelos antigos guerrilheiros da Renamo, supostamente descontentes com o processo de DDR.
“Como não sou porta-voz da Junta Militar, não tenho argumentos para responder a esta questão. O que posso garantir em relação ao processo de DDR é que ele está bem encaminhado, está a ter o progresso, as partes têm estado a cumprir as promessas. É verdade que, nalgum momento, tem havido falhas, nomeadamente o cumprimento dos calendários, mas o processo está a decorrer e auguramos que chegue a bom porto para que a paz na zona Centro e em todo o país seja estabelecida de forma definitiva”, assegurou Vidigal.
Em relação à instabilidade militar no Norte do país, relacionada com os ataques terroristas, Chongo Vidigal admitiu a existência de células em todo o país, mesmo nos locais com o apoio de forças estrangeiras.
“Depois da operação Búfalo, levada a cabo em Dezembro do ano passado, uma parte do grupo terrorista deslocou-se para Mecula, onde protagonizou algumas acções terroristas, durante três semanas. Neste momento, temos estado a monitorar a situação, mas muito provavelmente haja células a operar e isso é normal. O terrorismo está a assolar o país desde 2017 e é natural que tenham algumas células adormecidas não só em Niassa, mas até em Maputo. Porém, garantimos que as Forças Armadas e seus parceiros estrangeiros estão atentos e no encalço dos mesmos e contamos com o apoio das comunidades locais e de todos os moçambicanos para erradicá-los”, disse.
Chongo Vidigal falava à imprensa à margem da cerimónia de abertura do Ano Operacional Militar, que decorreu no último sábado, na cidade da Beira, orientada pelo ministro da Defesa Nacional.
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