Governo moçambicano ainda não prestou apoio às mais de 2.500 famílias refugiadas no Malawi

 Volvidos mais de 45 dias desde que os moçambicanos se refugiaram em Malawi, fugindo dos estragos causados pela Depressão Tropical ANA, no distrito de Morrumbala, na Zambézia, e Mutarara, em Tete, o Governo moçambicano ainda não se pronunciou no apoio às famílias. A situação está caótica em Malawi. Homens, mulheres e crianças passam por situação de fome por falta de comida.



Das mais de 2.500 famílias moçambicanas refugiadas no país vizinho Malawi, por conta da Depressão Tropical ANA, apenas 157 é que estão inscritas e recebem algum apoio do Governo malawiano. Informações dão contas de que o Governo malawiano não tem capacidade para abastecer a todos os refugiados. Aliás, no terreno foi possível constatar que o Governo distrital de Nsanje inscreveu pequeno grupo de pessoas, justamente por falta de capacidade de prestar apoio alimentar.


Em Nsanje, foram criados nove centros de abrigo, nomeadamente Nsanje-sede, Tchazuka, Kairedzi, Tchicao, Tengane, Nhamituto, Tizola, Pokera e Nbangula. Em cada um dos centros, estão alojados pouco mais de 250 famílias. As condições ainda que precárias, o centro de acolhimento de Sanje sede é o que pelo menos a população em úmero reduzido recebe algum apoio do Governo.


Os moçambicanos enaltecem apoio do Governo malawiano no acolhimento das famílias, mas lamenta-se o facto de o Governo moçambicano, por vias da Embaixada, não ter ainda prestado algum apoio às famílias. “Sabemos que o cônsul e o embaixador estavam ausentes em Maputo, mas eles têm tido o conhecimento do nosso sofrimento. Não estamos a aguentar com fome aqui. Estamos a morrer, por isso pedimos intervenção do Governo central do nosso país para apoiar os compatriotas”, disse Horácio Chabuka, chefe do centro de Tchazuka que acolhe moçambicanos.


Chabuka fez saber ainda os médicos daquele país têm prestado apoio às famílias sempre que necessário em caso de enfermidade. “Como estamos com centros lotados, a probabilidade de as famílias contraírem doenças é maior. Neste sentido, sempre que há alguma doença, solicitamos os médicos para apoiar e eles prontamente fazem”, disse Chabuka.


As críticas condições no centro de acomodação são precárias. Não há tendas para abrigo, sendo que as famílias dormem na única sala pertencente a uma escola primária. Os moçambicanos carregam semblantes de tristeza, pois a Depressão Tropical ANA mudou suas vidas. Graças ao Governo malawiano, os moçambicanos conseguem ter pelo menos uma refeição. As crianças são as piores vítimas, pois passam por situação de fome, aliás estamos diante de um drama humanitário.


No centro de acomodação de Tchazuka, os homens saíram muito cedo para fazer trabalhos nos quintais dos malawianos, por forma a obter comida para as suas famílias. Devido à vulnerabilidade a que estão sujeitas, aliado ao sofrimento, as meninas moçambicanas correm risco de serem alicaídas pelos homens, de acordo com Maria Jeck, uma mãe e refugiada refugiada no Malawi.

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