Ataque cibernético ao Consulado angolano: boicote interno ou “hackers”?

 Prossegue a investigação aos contornos do ataque cibernético de que foi vítima, em Dezembro último, o Consulado angolano na capital portuguesa, Lisboa. Por enquanto, as hipóteses avançadas dão indicação de que ou se trata de boicote interno ou ataque por piratas digitais.



Ataque cibernético, um crime que vem ganhando espaço na actualidade, em diferentes países, afectou, a 16 de Dezembro de 2021, a base de dados do Consulado de Angola em Lisboa. Como consequência, os serviços da instituição ficaram afectados aproximadamente um mês.


O apagão mexeu com todos, inclusive, os deputados que reagiram à situação. “A questão é importante e considero serem informações e esclarecimentos que nós vamos buscar ao Consulado para nos podermos precaver de uma situação que não foi boa para essa infra-estrutura”, afirmou Franco Nhani, deputado da UNITA, citado pela DW.


O deputado da Frente Patriótica Unida (FPU) vai mais longe, ao afirmar que o assunto será levado à discussão no Parlamento: “Vamos ter a conversa ao nível do Consulado, vamos reunir os dados para estarmos em condições de levantar esta questão ao nível da Assembleia Nacional de Angola”, cita a DW.


O Presidente de Angola reagiu apelando para que o Estado tenha um maior controlo sobre a informação e gestão de dados, sem a dependência tecnológica de terceiros ou de influências externas.


“A questão que houve no consulado chamou a atenção para a necessidade de o país olhar para a soberania dos dados. É algo que está na agenda presidencial, uma grande prioridade a nível daquilo que é o controlo da soberania do próprio país”, defendeu João Lourenço, para depois acrescentar que deve haver “termos dos contratos, a sua fiscalização e confidencialidade devem ser cada vez mais rígidos”, escreve o Novo Jornal.


Neste contexto, adianta, existe “a necessidade de se desenvolver tecnologicamente no país sistemas integrados de gestão financeira”, de modo a “acabar com esquemas criados e colocar uma certa ordem no circo”.


Dias depois do apagão, o Ministério das Relações Exteriores de Angola (MIREX) constituiu uma equipa de inquérito para averiguar a situação. Uma fonte disse à DW que “o problema está a ser ultrapassado” e devidamente analisado em Luanda.


Sobre a possíveis causas, o Novo Jornal avançou as possibilidades de se tratar ou de um ataque externo e organizado por hackers, mas o Diário cita fontes que alegam haver fortes suspeitas de que terá sido uma acção interna, como o objectivo de apagar documentos e dados que comprometem a anterior gestão do consulado liderada entre 2016 e 2021 pelo embaixador Narciso do Espírito Santo Júnior.


Isto porque, adianta o jornal, “a actual cônsul-geral, Vicência de Brito, terá já manifestado interesse em rescindir contrato com a empresa prestadora de serviços informativos”.

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