Transportadores da Zambézia agravam tarifa unilateralmente

 Viajar de transportes semi-colectivos de passageiros está mais caro desde o dia 02 de Janeiro em curso, na província da Zambézia. Os transportadores estão a aplicar uma nova tarifa sem o consentimento das autoridades.



Se até ao final do ano 2021, sair da cidade de Quelimane até ao distrito de Mocuba, cerca de 200 quilómetros, pagava-se 200, hoje está a 250 Meticais – um aumento na ordem de 30%. Ainda de Quelimane para o distrito de Namacurra, o preço por passageiro passou de 100 para 130 Meticais.


Paulino Rungo, um transportador que opera na rota Quelimane-Mocuba, fez saber que a subida dos preços responde à decisão tomada em 2021. “Nós devíamos ter aumentado os preços no ano passado, mas disseram para aguardarmos para o dia 02 de Janeiro deste ano. Estamos a fazer justamente isso, porque as contas de manutenção dos carros estão apertadas”, disse o transportador quando partia para Mocuba.


Na referida viagem, cada passageiro pagou 250 Meticais. Miguel Pena, um passageiro e residente no distrito de Mocuba, referiu que “o preço é alto, mas, como não há alternativas, temos de nos sujeitar a esta situação. Se tivéssemos outros mecanismos, pode ter certeza de que não estaríamos a viajar nestes semi-colectivos”, disse Luís Pena, que deplora o facto de nenhum aviso ter sido feito.


Luís Gustavo, outro transportador, avançou que a decisão foi autorizada pela Associação Provincial dos Transportadores da Zambézia (ATPZ). Explicou ainda que a decisão é irreversível e que os transportadores vão continuar a aplicar a nova tarifa.


Na primeira segunda-feira do ano, os transportadores até paralisaram as viaturas, quando o Governo provincial contrariava tal medida. “Nós paramos apenas de carregar com intuito de repudiar tal decisão. Depois, recuamos mediante o preço que estamos a aplicar”, precisou.


Por sua vez, a ATPZ considerou a subida da tarifa ilegal. Baduro Alfredo, vice-presidente da agremiação, referiu que a COVID-19 e a subida de combustível estão na origem do aumento. Está também o facto de os transportadores inter-provinciais terem agravado a tarifa.


“Do ponto de vista de documento, o preço não é legal. Mas, é preciso ressalvar que a questão da COVID-19 contribuiu para a redução do número de passageiros e a subida de combustível comprometeu as contas de manutenção dos carros”, justificou, tendo acrescentado que já há mais de um ano em que a sua agremiação tem vindo a negociar com o Governo provincial, mas sem sucesso.


Entretanto, a Direcção Provincial dos Transportes e Comunicações da Zambézia diz que a tarifa não foi oficialmente reajustada, mas a questão da subida do preço já participada ao Governo provincial e que, em reacção, o Executivo pediu aos transportadores calma e tempo para analisar o pedido.


“De nível central, recebemos um expediente sobre a questão da tarifa. Já submetemos ao Governo provincial para a apreciação. Depois, seguirá para outros fóruns, com destaque para a Assembleia Provincial da Zambézia, de modo a avaliar a pretensão dos transportadores”, disse Fátima de Sousa, directora provincial dos Transportes e Comunicações da Zambézia.


Embora os transportadores, com destaque para os que operam na rota Quelimane-Namacurra, tenham continuado a efectuar, esta quarta-feira, cobranças ilegais, mesmo depois das conversações com as autoridades, a Direcção Provincial dos Transportes e Comunicações da Zambézia referiu que vai continuar a primar pelo diálogo.

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