A morte, em circunstâncias ainda por esclarecer, de uma aluna de cinco anos de idade, que passou mal de saúde após regresso das aulas, está a agitar a Escola Primária Completa 8 de Março, na cidade da Matola.
Devido à falta de esclarecimento e o receio de uma suposta contaminação pela COVID-19, pais e encarregados de educação impedem os filhos de frequentar as aulas. Entretanto, as autoridades da Saúde e Educação, na província de Maputo, explicam que não se trata da COVID-19 e apontam para uma possível intoxicação alimentar, como causa do óbito e um mal estar de outras quatro crianças.
À entrada da Escola Primária Completa 8 de Março, há condições para o cumprimento do protocolo sanitário para a COVID-19, como baldes com água e sabão para higienização.
Na passada sexta-feira, os alunos de diferentes classes, depois de terem tido aulas, de regresso à casa, manifestaram um mal estar, acompanhado por vómitos, fraqueza e dores nas articulações. Uma das crianças que frequetava a 1ª classe perdeu a vida nessas circunstâncias e o pai, Armando Matusse, diz que, apesar de já se ter realizado o funeral, até ao momento, não sabe o que terá provocado a morte da sua filha e ainda não tem resultados da autópsia.
“Ainda não sabemos das reais causas; ontem estiveram a fazer autopsia, mas não nos deram resultados. Assim, hoje, iremos ao centro de saúde para sabermos do resultado. Talvez saibamos das reais motivações da morte prematura da nossa filha.”
O director da Escola Primária Completa 8 de Março, Lourenço Matusse, que estava em gozo de férias, foi chamado para se inteirar da situação. Foi-lhe dito que se trata de um caso da COVID-19, porém não tem ainda informação oficial do que se está a passar na escola que dirige.
“Realmente, o que está a acontecer é difícil de explicar, porque não temos matéria do ponto de vista clínico para dizer qual é o problema. No domingo, a secretária do bairro comunicou-me por volta das 9h, dizendo que tinha recebido uma informação dos encarregados de educação, dizendo que há crianças que estão a ter problemas de saúde”.
Os pais e encarregados de educação reúniram-se com a Direcção da Escola em busca de informação, pois receiam mandar os seus filhos às aulas. “Quer se prove quer não que o óbito é ou não por causa da COVID-19, as crianças estão expostas de alguma forma. Então, seria estranho eu, como pai e encarregado de educação, se não estivesse alarmado. Nem posso deixar a criança em casa, porque ela vai perder aulas, mas há, sim, receio”, concluiu um encarregado de educação que não quis revelar a sua identidade.
As equipas da saúde escalaram, na manhã desta terça-feira, a Escola 8 de Março para colecta de informações relevantes que vão ajudar a esclarecer o assunto. Por enquanto, os dois sectores afastam a possibilidade de se tratar de um caso da COVID-19. Segundo o Departamento de Saúde Pública, na província de Maputo, as crianças em causa já foram submetidas a exames médicos.
“Dado muito importante é que três crianças foram ao Centro de Saúde de Tsalala e foram testadas para Malária e para a COVID-19 o teste foi negativo. Por isso, estamos mais virados para uma provável intoxicação alimentar e o sector de Saúde já destacou uma equipa para fazer a colecta da água para fazer análises laboratoriais”, avançou Vânia Nhamagone, chefe de Departamento de Saúde Pública, na província de Maputo.
Por sua vez, José Luís, porta-voz da Direcção Provincial de Educação, disse que “temos este cenário que não tem nenhuma relação com a COVID-19, mas provavelmente com a ingestão de alimentos não apropriados. A situação é deveras preocupante para o sector da Educação e para a nossa comunidade”.
Algumas turmas daquela escola estavam sem alunos até à manhã desta terça-feira, devido ao receio de uma suposta contaminação em massa pelo novo Coronavírus.
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