"O primeiro passo que a Junta Militar da Renamo (JMR) irá seguir, nesta segunda -feira, logo depois da eleição do presidente do partido é criar um grupo de contacto para estabelecer de imediato um diálogo com o Governo com vista a renegociarmos o processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR) das forças residuais das nossas forças.
O nosso objectivo não é retornar a guerra ou desestabilizar o país. Queremos um DDR justo onde os verdadeiros guerrilheiros da Renamo e sem excepção, sejam efectivamente reintegrados na sociedade e por se só contribuam na reconciliação nacional. Queremos ser membros activos neste processo".
Esta foi a garantia dada no fim da tarde De ontem (sábado), por João Machava, porta-voz da auto-proclamada Junta Militar da Renamo, composta por antigos guerrilheiros da perdiz e ora liderada pelo Major-general Mariano Nhongo, que está reunida em conferência nacional extraordinária, de três dias (termina esta segunda-feira), na região de Piro, nas proximidades da serra de Gorongosa, em Sofala, com objectivo central de eleger o seu líder em substituição de Ossufo Momade, que alegam ter sido destituído pelos mesmos.
João Machava, que falava à imprensa na abertura da referida conferência, exortou, por outro lado, ao governo a mostrar abertura na renegociação do pacote de Desarmamento, Desmilitarização e Reintegração com o seu novo líder.
"A verdadeira Renamo armada somos nós. Ossufo Momade a que nós deixamos de considerar presidente há mais de um mês, traiu os interesses da Renamo. Assinou um acordo de Cessação Definitiva das Hostilidades e Acordo de Paz de Maputo e aprovou o DDR sem consultar os guerrilheiros e muito menos os órgãos do partido.
A comissão política, o Conselho Nacional e até a bancada da Renamo na Assembleia da República, que agora deve apoiar a transformar os acordos em leis, não foram consultados. O mais grave é que mais de metade dos guerrilheiros não estão inclusos no processo de reintegração", disse João Machava.
João Machava que é o comandante provincial das forças residuais da Renamo em Inhambane, negou entretanto a existência de qualquer tipo de contacto entre a Junta e a liderança da Renamo para se por fim ao desentendimento.
"Nunca fomos contactados pela liderança do partido e todos os contactos que já efectuamos no sentido de pedir explicações sobre o processo de DDR não foram acedidas. Ninguém sabe nos dizer como será o processo de reintegração.
Não há nenhuma clareza tal como aconteceu em 1992 depois da assinatura do Acordo de Paz em Roma, que depois arrastou o país para um outro conflito. Pensamos nós que não há espaço para novos conflitos.
Queremos de forma activa contribuir com acções que visem o desenvolvimento do país e tal facto só será possível se ninguém se sentir injustiçado a ponto de recorrer a armas para exigir reintegração justa.
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