Empréstimo do FMI a Moçambique é uma "acusação chocante"

A organização não-governamental britânica Comité para o Jubileu da Dívida disse hoje que o empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Moçambique para responder ao ciclone Idai é uma "acusação chocante" e defendeu que a ajuda devia ser uma doação.

Empréstimo do FMI a Moçambique é uma "acusação chocante"

"É uma acusação chocante da comunidade internacional que um país tão empobrecido como Moçambique tenha de ter um empréstimo de instituições internacionais para lidar com a devastação causada pelo ciclone Idai", disse a diretora do CJD, Sarah-Jayne Clifton, numa nota enviada à Lusa.

"Os empréstimos de emergência deviam estar disponíveis para todos os países empobrecidos em resposta a desastres como o Idai, especialmente aqueles ligados às mudanças climáticas causadas pelas nações mais ricas do Norte", acrescentou a responsável num comentário ao empréstimos de quase 120 milhões de dólares.

Moçambique "já está a sofrer uma crise da dívida causada por empréstimos secretos providenciados por bancos baseados em Londres, pelo que os estragos causados pelo ciclone Idai são mais uma razão para estes fundos não serem pagos", defendeu a responsável, apontando que "os estragos significam que Moçambique precisa agora também de um perdão sobre outras dívidas, incluindo ao FMI, em vez de ter ainda mais empréstimos".

Para Sarah-Jayne Clifton, "é uma opinião chocante que a devastação do Idai não seja suficiente para garantir que o FMI fornece ou perdão ou alívio da dívida".

Para além da questão específica do empréstimo do FMI, que tem um período de carência de quatro anos e um pagamento a dez anos, sem juros, o CJD critica também o Fundo por lucrar com estes financiamentos.

"Nos anos recentes o FMI tem estado a ganhar lucros dos empréstimos a países com médio e alto rendimento; no ano financeiro de 2018 teve um lucro operacional de 550 milhões e em 2017 foram 1,3 mil milhões de dólares, que vão para as reservas do FMI, que aumentaram de 17,3 mil milhões em 2010 para 30 mil milhões de dólares em outubro do ano passado", aponta esta ONG que condena o excessivo endividamentos dos países mais pobres e os mercados que os financiam.

 

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