O ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Machatine, aponta a intensificação das mudanças climáticas como a causa da destruição de infra-estruturas públicas no país. Porém, diz haver necessidade de melhorar a concepção das obras para se tornarem resilientes.
Sob fogo cruzado, devido à alegada má qualidade das obras por si inauguradas, João Machatine sacudiu, esta sexta-feira, o capote e lançou a culpa dos estragos nas infra-estruturas aos eventos climáticos severos.
“Não temos que olhar para este fenómeno e buscar culpados. Temos sim que pensar em ideias do que temos que fazer para que o nosso país possa ter infra-estruturas a altura do impacto desses eventos climáticos. A maior parte dessas infra-estruturas, que ficaram abaladas, têm mais de 50 anos. A saída que nós, como Governo, encontramos é a reabilitação das mesmas, o que é diferente de fazer uma simples manutenção. Estamos a introduzir elementos que não só vão renovar a vida útil das nossas infra-estruturas, mas também, estamos a incorporar elementos que tornem essas edificações adaptáveis às mudanças climáticas”, defendeu-se o governante.
Na ocasião, o ministro deu a mão à palmatória e reconheceu que deve haver mudanças na concepção das obras públicas. “Devemos rever instrumentos de cálculos das nossas infra-estruturas. No passado, não tínhamos ciclones, e os nossos caudais não atingiam oito ou dez mil metros cúbicos de água, porque estes fenómenos não eram frequentes no país, agora as coisas devem mudar. É importante que se estude os fenómenos naturais como os ventos, os sismos porque as nossas infra-estruturas não estão preparadas para enfrentar esses eventos quando aparecem em grande magnitude”, precisou.
O governante disse que os moçambicanos devem estar preparados para acolher decisões drásticas que visam salvaguardar interesses maiores. “Temos que estar atentos, em algum momento, iremos tomar medidas difíceis. Teremos que abdicar de estradas, de pontes, de casas para que o rio consiga fazer o seu trajecto”, terminou.
No evento, as autoridades moçambicanas e coreanas assinaram um memorando de entendimento para financiar um sistema de previsão e alerta de cheias na Bacia de Licungo, orçado em 7.5 milhões de dólares, no país.
No mesmo encontro, foi apresentada a obra de Agostinho Vilanculos, que propõe algumas soluções para que o país consiga melhorar a gestão de eventos climáticos extremos como as cheias e secas.
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