Cratera ameaça “engolir” a EN1 em Marracuene

 Uma cratera enorme ameaça cortar a Estrada Nacional Número 1, no Bairro 29 de Setembro, distrito de Marracuene, província de Maputo. No ano passado, a REVIMO tentou travar a erosão no local, mas sem grandes sucessos.



À nossa chegada, notamos que o cenário é caracterizado por uma grande cratera a ameaçar a EN1, principal via de acesso que liga o país. Os estragos são resultado das últimas chuvas que caíram na província de Maputo. Engana-se quem pense que a cova foi obra da natureza, é resultado da acção humana. Surgiu quando em 2014, a empresa CRBC – responsável pela construção da Estrada Circular de Maputo – começou a retirar areia para a construção da infra-estrutura, o que os engenheiros não sabiam é que estavam a causar um problema ambiental para resolver o da mobilidade no Grande Maputo.


“Já sentíamos há algum tempo que o buraco já se estava a expandir. Desde cedo, contactamos a Administração Nacional de Estradas (ANE) e, mais recentemente, a REVIMO, pois as chuvas estavam a criar estragos que poderiam colocar em causa a Estrada Nacional Número Um”, relatou Shefee Sidat, administrador de Marracuene.


Dada a gravidade da situação, as autoridades locais temem o pior. “A situação é crítica, de tal modo que, só das chuvas que caíram entre sábado e domingo, o buraco aumentou entre cinco a sete metros, o que quer dizer que a progressão da cratera está a ser rápida. Se não houver essa intervenção urgente, pode danificar a EN1 em tão pouco tempo, até porque algumas crateras pequenas já têm ligação com a estrada”, detalhou.


Porque a cratera não ameaça apenas a EN1, questionamos às autoridades locais o porquê de ainda haver pessoas a desenvolverem actividades económicas nas proximidades, eis que o director de Planeamento e Infra-estruturas de Marracuene respondeu nos seguintes termos.


“Temos aqui alguns estaleiros. Essas pessoas foram notificadas desde o início para abandonarem este local, mas eu penso que vamos conseguir controlar essa situação. Não temos nenhuma família que será afectada por essa situação. Eles estão informados que devem abandonar este local, porque estão numa área de reserva de estrada”, referiu Sérgio Sumbane.


Essa versão não bate com a que é avançada por José Chivale. Desmobilizado e proprietário de um dos estaleiros, Chivale disse que começou a actividade de venda de material de construção muito antes do surgimento da cova e que nunca foi notificado para sair do local.


“Nunca ninguém apareceu para falar da nossa retirada daqui. Vendo esse material há 16 anos. Aliás, as escavações para a retirada de areia começaram eu já aqui. O nosso secretário do bairro sempre aparece por aqui e nunca disse nada sobre a nossa retirada”, rebateu.


O jornal “O País” soube que, em Setembro de 2020, a Empresa Rede Viária de Moçambique colocou pedregulhos no local para travar a acção da erosão, mas as últimas chuvas que caíram na província de Maputo reprovaram essa engenharia. Em contacto telefónico, sem avançar valores, o PCA da Rede Viária de Moçambique fez promessas.


“Numa primeira fase, iremos fazer um trabalho de emergência para travar o avanço das crateras, mas depois teremos o projecto definitivo, pois desejamos ter uma solução definitiva ao problema. Isso significa que vamos construir uma valeta para encaminhar as águas das chuvas, naquele ponto vamos construir um descarregador”, referiu Ângelo Lichanga.


Além de colocar em perigo várias infra-estruturas ao redor, a grande abertura coloca em risco a vida de crianças e adolescentes que usam o local para descontrair, sob todos os riscos.

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