Moçambique ainda não tem lei de promoção dos direitos da pessoa com deficiência

 Moçambique ainda não tem lei para protecção da pessoa com deficiência, apesar de ser signatário de vários protocolos internacionais. O Fórum das Associações Moçambicanas de Pessoas com Deficiência defende (FAMOD) celeridade na aprovação das leis, para reverter o cenário que se vive no país.




Moçambique ratificou a Convenção em 2012, mas, antes disso, já vigorava, desde 1999, a política para a pessoa portadora de deficiência. Igualmente, através do Decreto 53/2008, foi aprovado o Regulamento sobre Acessibilidade, Plano Nacional para a Área da Deficiência (2012-19), Estratégia de Segurança Social Básica em Moçambique, aprovada em 2016, entre outros protocolos, no entanto as pessoas com deficiência continuam a queixar-se da falta de assistência e, no seu entendimento, apenas com a criação de uma lei específica e a devida fiscalização, poder-se-á ultrapassar este cenário.


“De facto, falta esta lei em Moçambique, que define as obrigações e as consequências jurídicas específicas, em relação às pessoas com deficiência, pois a flat deste instrumento impede que este grupo possa usufruir dos direitos que já foram assumidos pelo nosso Estado, através destas convenções”, disse Clodualdo Castiano, presidente executivo do FAMOD.


À margem da mesa redonda entre o FAMOD e a terceira comissão da Assembleia da República, o presidente do FAMOD deu a conhecer que tem acompanhado o processo de discussão no âmbito da elaboração da proposta de Lei de Protecção e Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência e espera que não haja demora na sua aprovação.


Clodualdo Castiano avançou algumas causas que agudizam a situação dos deficientes, com destaque para a situação económica


“A pobreza nas três regiões afecta mais as mulheres, jovens e pessoas com deficiência que vivem nas zonas rurais”.


Durante a sua apresentação, Catiano disse ainda que continua limitado o acesso às oportunidades económicas e de subsistência, bem como o fraco nível de acesso à educação e serviços de saúde de qualidade. Estes factores de exclusão, por sua vez, limitam a participação política, acesso à justiça e em outras áreas.


“Neste momento, já não precisamos de apenas uma lei. Precisamos de uma lei que esteja equipada dos mecanismos para a sua implementação, atinja os diferentes sectores da sociedade e que traga obrigações realísticas para o nosso Governo e sector privado, para que respeitem e façam cumprir os direitos da pessoa com deficiência”, disse.


Falando neste sábado (4), a presidente da Comissão dos Assuntos Sociais, do Género e Tecnologias e Comunicação Social da Assembleia da República (3ª comissão) garante tudo fazer para a efectivação da lei.


“Estamos aqui para reflectirmos e percebermos de que forma podemos dar o nosso contributo, ou seja, se a nossa comissão pode ser intermediária entre o FAMOD e o Governo, para que o documento que se espera ser aprovado possa salvaguardar os interesses deste grupo e que seja um processo célere”, disse Lúcia Mafuiane.


Segundo o FAMOD, cerca de 2.7% da população moçambicana tem algum tipo de deficiência, sendo que 70% vive nas zonas rurais, por isso é urgente a aprovação desta lei.

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