Cidade de Pemba regista crise de cimento

 O cimento de construção civil começou a desaparecer do mercado na cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado, em finais de Agosto último e, actualmente, quase todos os armazéns da província estão vazios.



A situação é considerada crítica e provocou pânico no seio da população, devido ao aumento repentino e galopante do preço, que subiu em quase cinquenta por cento, do que normalmente era praticado antes de uma das maiores crises de cimento, registadas na história da província.


Actualmente, segundo constatou o jornal “O País”, o cimento de construção custa cerca de setecentos meticais, contra os quatrocentos e cinquenta meticais antes da crise.


“Nós vendíamos cimento de Cabo Delgado, mas, desde que a fábrica fechou, passamos a adquirir em Nacala, onde também os preços foram mexidos um pouco, por isso aumentamos o preço para pelo menos manter os lucros”, explicou o proprietário de uma das barraca de venda de material de construção.


A crise de cimento está a ser considerada insuportável e surpreendeu a maior parte da população de Pemba, que, com a abertura da Fábrica de Cimento de Cabo Delgado e a entrada de várias outras unidades de produção do género em todo o país, se esperava uma redução ou no mínimo a estabilização e não o aumento do preço.


“Até agora, não encontrámos uma razão que justifica o aumento do preço pelo menos este momento de crise em que vivemos, porque, mesmo quando a Fábrica de Cimento de Cabo Delgado estava a funcionar, o produto local já era caro, e  continuávamos a receber cimento de quase todo o país, até da China. Será que todas essas fábricas fecharam de uma vez e já não há mais cimento em Moçambique e no mundo?”, questionou Amade Tauabo, um dos residentes de Pemba que paralisou temporariamente as obras, devido ao súbito e preocupante aumento do preço do cimento.


Entretanto, além do próprio cimento, quase todos os seus derivados sofreram um agravamento no preço, uma situação que está a criar constrangimento e até certos prejuízos para os armazenistas e revendedores, que não estão a conseguir repor o stock e honrar com os compromissos relacionados com as grandes empresas de construção civil.


“Nós parámos de vender cimento logo que os preços foram mexidos na fonte, mas estamos mal, porque além de não podermos vender, temos compromissos que não estamos a conseguir gerir”, confirmou um empresário para depois explicar “para evitar falhas no fornecimento de alguns materiais de construção, às vezes as empresas de construção civil, que estão envolvidas em grandes obras, pagam, indicam e optam por pré-pago e indicam os períodos em que vão necessitar cada produto adquirido, mas, para o caso de cimento, é difícil guardar por longo tempo e, agora, estamos em apuros, porque não conseguimos honrar com os contratos assinados. Assim, estamos a pesquisar novos fornecedores que possam vender o cimento a um preço razoável que não vai provocar-nos um prejuízo financeiro muito menos destruir a nossa confiança pelos nossos clientes”, revelou um responsável de uma dos grandes revendedores de materiais de construção civil em Cabo Delgado.


O jornal “O País” procurou esclarecimentos junto da Fábrica de Cimentos de Cabo Delgado, da Direcção Provincial do Comércio e não obteve resposta, porém, informações ainda não confirmadas indicam que a crise se deveu à falta de clinker, um dos produtos usados no fabrico de cimento.


As causas da falta de clinker continuam desconhecidas, tal como não foram anunciadas as causas do aumento do preço do cimento proveniente de Nampula, um dos principais fornecedores de cimento de construção civil à província de Cabo Delgado.


Actualmente, uma parte do cimento que circula nos mercados de alguns distritos do norte da província, segundo confirmaram fontes, provém da República da Tanzânia, e está a um preço relativamente baixo, do que vem de Nampula.

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