ACNUR “seriamente preocupado” com segurança dos civis em Cabo Delgado

 O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) diz estar “seriamente preocupado” com a segurança dos civis no norte de Moçambique, onde o “conflito armado e a insegurança” em Palma “continuam a deslocar milhares de pessoas”, revelou hoje a organização.




A agência das Nações Unidas referiu que, dois meses e meio após o ataque brutal por grupos armados não estatais, que atacaram a vila de Palma, “as pessoas fogem diariamente numa busca desesperada de segurança, tanto em Moçambique como para lá da fronteira com a Tanzânia”.


Cerca de 70.000 pessoas fugiram de Palma desde 24 de Março, elevando o número total de deslocados na província de Cabo Delgado para quase 800.000, de acordo com estimativas de organizações humanitárias e das Nações Unidas.


A constante insegurança tem forçado milhares de famílias a procurar refúgio no sul das províncias de Cabo Delgado e Nampula. “Os distritos de Nangade, Mueda, Montepuez, Ancuabe, Metuge, Balama, Namuno, Chiure, Mecufi, Ibo e Pemba continuam a registar novas chegadas de refugiados todos os dias”, sublinha o ACNUR.


Segundo o ACNUR, os deslocados, repatriados à força pelas autoridades tanzanianas, “acabam numa situação terrível na fronteira e estão expostos à violência de género e a riscos para a saúde, uma vez que muitos dormem ao ar livre, à noite, sob frio extremo, sem cobertores ou abrigos” e, por isso, “há uma necessidade urgente de artigos de ajuda de emergência, incluindo alimentos”, sublinha a organização.


De acordo com o Notícias ao Minuto, o ACNUR reitera o apelo para que “aqueles que fogem do conflito tenham acesso ao território tanzaniano e asilo, e, em particular, para que o princípio de não repulsão seja respeitado. Os refugiados não devem ser forçados a regressar em perigo”, conclui a agência das Nações Unidas para os refugiados.


Grupos armados aterrorizam a província nortenha de Cabo Delgado desde 2017, com alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes segundo o projecto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo.


O ataque contra a vila de Palma, a 24 de Março, provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.

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