“Não é possível ficar conformado” com a morte de Daviz Simango

O Presidente da República prestou, este sábado, elogio fúnebre a Daviz Simango, edil da Beira e presidente do MDM, falecido a 22 de Fevereiro, na vizinha África do Sul, vítima de doença. Filipe Nyusi disse que “não é possível ficar conformado com esta dura realidade “[morte do político e membro do Conselho de Estado]”.

Com a morte de Daviz Simango, “não é apenas o MDM que sente dor irreparável”, considerou o Chefe do Estado, acrescentando que a consternação que abala a família Simango é também sua e de “todos os moçambicanos”.

A partir do átrio dos CFM na Beira, Filipe Nyusi disse ainda que Daviz Simango será “colectivamente lembrado” pelas suas obras, demonstradas a partir do momento em que foi eleito presidente da segunda maior urbe do país. “Mais do que um dirigente político, foi servidor do seu país”.

O Presidente da República caracterizou o percurso social e político do falecido edil da Beira e presidente do MDM descrevendo-o como um homem que “será colectivamente recordado” pela sua “entrega, rectidão e sentido de Estado”.

“Recordo da simplicidade com que aceitou para fazer parte da minha visita a Holanda e juntos angariamos financiamento” para vários projectos. “Naquela deslocação histórica, ganhou Moçambique”, explicou Nyusi, para mostrar a forma de ser e estar de Daviz Simango em relação ao Estado.

Prosseguindo, o Presidente da República afirmou que o edil da Beira, presidente do MDM e membro do Conselho de Estado “foi um servidor público, um homem de convicções e que ajudou nas soluções para a paz” no país.

“Com a sua partida precoce, Moçambique perde um agente da luta pela democracia”, considerou Nyusi, explicando que, apesar de Daviz ter liderado um partido político da oposição, tinha uma visão abrangente sobre o interesse nacional e “mostrou que era possível alcançar o poder político sem recurso às armas”.

O malogrado foi a enterrar este sábado, debaixo de chuviscos, no cemitério da Santa Isabel, município da Beira. Vários cidadãos, entre eles simpatizantes do MDM, permaneceram nas proximidades do cemitério para testemunhar a chegada de Daviz à ultima moradia. Entretanto, no fim da cerimónia, parte dessas pessoas invadiram cemitério.

 

“Quem assumir a liderança” da Beira “não poderá virar página”, Cláudio Dalla Zuanna

Cláudio Dalla Zuanna, arcebispo da Beira, intercedeu por Daviz Simango, pedindo purificação e perdão caso em vida tenha cometido falhas. E disse: “que seja conduzido pela mão dos anjos à morada do nosso pai Abraão (…). A cidade de Deus é uma cidade em harmonia. O seu comprimento e a sua largura são iguais”.

“A cidade dos homens, as nossas cidades, a cidade da Beira, pela qual o engenheiro Daviz Simango tanto trabalhou (…) é ainda um projecto rabiscado de uma cidade para todos”, afirmou Cláudio Dalla Zuanna.

A reconciliação do falecido edil com a sua história fez com que cultivasse “um trato imediato e espontâneo de relação com todos os munícipes. A sua abertura e dimensão espiritual lhe fizeram prestar atenção e respeito a todas as tradições religiosas”.

“As melhorias e as infra-estruturas que a cidade viu crescer, nestes últimos anos, são manifestação desta procura do bom, do belo e do harmónico que Deus semeou em nós como desejo de vida”, disse o arcebispo, salientando que “com a morte do nosso edil, quem assumirá a liderança da cidade [da Beira] não poderá virar página”, mas sim continuar a edificação de “uma cidade solidária, resiliente e em progresso, recolhendo o legado de Daviz Simango”.

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