Mariano Nhongo anuncia cessar-fogo e quer dialogar com o Governo

 Depois de várias ofensivas de grande escala das Forças de Defesa e Segurança, que já levaram à captura de três colaboradores próximos, Mariano Nhongo diz ter ordenado os seus homens a cessarem os ataques e já criou uma equipa para negociar a paz




O líder da Junta Militar da Renamo, Mariano Nhongo, disse quarta-feira, ter ordenado os seus homens a cessar os ataques militares que vêm protagonizando nas províncias de Manica e Sofala, para viabilizar um novo esforço de negociações de paz com o Governo.


Nhongo anunciou o cessar-fogo, que diz estar em curso há uma semana, em entrevista à Voz da América (VOA).


“Já passou uma semana, não há estrondos, eu mandei paralisar os meus militares para não atacarem mais”, disse Nhongo.


Segundo salientou, desde então disse, em jeito irónico, “o que ficou é tomar uma cerveja” com as Forças de Defesa e Segurança (FDS).


O cessar-fogo, unilateral, é anunciado uma semana depois de conversações que o líder da Junta Militar manteve com o enviado pessoal do Secretário-geral das Nações Unidas, Mirko Manzoni.


De acordo com Nhongo, o passo seguinte é, agora, dar início às conversações com o Governo, que deverão ter lugar a partir de segunda-feira.


“Já organizei a minha comissão de negociações. São cinco homens que estão preparados. O que falta é o Governo e as embaixadas decidirem onde vão se encontrar com esses homens” disse, realçando que “já terminou a guerra”.


Nhongo disse, por outro lado, estar preocupado com as movimentações aéreas que as FDS continuam a fazer nas suas áreas, o que segundo avançou, contraria o espírito da conversa que manteve com o Embaixador Manzoni.


“Eu estou a admirar (o sobrevoo dos helicópteros) enquanto acabei de conversar com Mirko Manzoni. Porque outra vez a perseguição?”, questionou.


A posição de Nhongo surge poucos dias depois do Presidente da República, Filipe Nyusi, ter revelado estar em curso uma perseguição aos homens da Junta Militar, que já culminou com a captura do Ajudante de Campo e dois cozinheiros pessoais daquele líder.

Aquele líder dissidente do maior partido da oposição, diz esperar que o Presidente da República mande libertar os seus homens.


“É preciso tirá-los (da cadeia) para nós negociarmos, porque já não haverá guerra”, disse, apelando ainda para que o Chefe de estado mande, também, cessar as incursões contra si“.


Recorde-se que na penúltima semana de Novembro, o Presidente da República tinha decretado um cessar-fogo unilateral, como forma de abrir uma janela de diálogo com o grupo de Nhongo que, no entanto, ignorou e realizou, durante o período em referência, alguns ataques contra viaturas civis.


 


“Que não seja mais um diálogo demagogo”, exorta Daviz Simango


O presidente do MDM, Daviz Simango, saudou ontem os avanços que tem vindo a ser registado na zona centro do país, visando dar início do diálogo entre o governo e a Junta Militar da Renamo e exortou as partes a absterem-se de diálogos demagogos.


“Se as pessoas vão a um dialogo com imposições, com poderes militares ou então com intuito de usar a outra parte de forma demagoga, naturalmente que as negociações serão um colapso. Aconselhamos as partes a buscar formas para um diálogo onde os moçambicanos saem a ganhar. Não há preços para negociar a paz e reconciliação. Os moçambicanos, particularmente os da zona centro estão cansados deste conflito, Negoceiam pensado no povo e não em interesses particulares”.


O presidente do MDM que falava a jornalistas na cidade da Beira, por ocasião do final do ano, exortou, por outro lado, a Renamo a desempenhar um papel activo e preponderante no diálogo entre o Governo e a Junta Militar.


“A Junta Militar é a Renamo. Os seus princípios são os da Renamo. Quando uma ala da Renamo aparece ao público a distanciar-se da Junta Militar, esta a atirar “areia” ao povo, porque nós sabemos perfeitamente donde saiu a Junta Militar e quer as suas reivindicações partiram de desinteligências dentro deste partido. Portanto, a Junta Militar deve ser tratada como Renamo”.

Simango terminou pedindo ao governo e a Renamo para aproveitarem este natal no sentido de encontrarem caminhos para a reconciliação e manifestou desejo de ver o seu partido incluído no processo de paz.


“Tomemos como exemplo, neste natal a humildade de Jesus Cristo, para cultivarmos a cultura da paz e de amor ao próximo. O MDM quer estar em todas as discussões que interessam aos moçambicanos e esta paz interessa o MDM.


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