“Não vamos admitir que uma única franja da sociedade invoque o sofrimento do povo para colheita de interesses de grupos.
Sem querer comparar com os processos de paz passados, porque não são iguais, estamos agora perante o terrorismo, não podemos dizer luta dos 16 anos, não tem nada de comparação”.
Foi com estas e outras palavras que Filipe Nyusi reagiu às declarações de Armando Guebuza, segundo as quais as “dúvidas sobre fim dos ataques armados ameaçam a soberania”, pois os moçambicanos receiam que a violência armada no centro e norte não será ultrapassada.
Semana finda, Armando Guebuza orientou uma palestra para pessoas de pouca idade, em torno do “Centenário de Eduardo Mondlane”, sobre “o papel dos jovens na preservação e valorização dos ideais do arquiteto da unidade nacional. Nesse encontro, o antigo estadista moçambicano disse que “a nossa soberania está em causa” por conta dos ataques armados em Manica, Sofala e Cabo Delgado.
“Nós estamos inseguros. Deixámos de acreditar em nós mesmos. Tivemos a situação da Renamo, durante 16 anos, mais dois anos [de outro conflito armado], não deixamos de acreditar que Moçambique era nosso e que havíamos de vencer”, lembrou Guebuza, para depois referir que “agora começam a aparecer algumas vozes a duvidar” se a violência armada terá ou não fim.
A mensagem parece não ter caído bem no Presidente da República. Para reagir ao assunto, no lançamento da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN), esta segunda-feira, em Pemba, Filipe Nyusi começou por pedir permissão aos presentes “para abordar o tema segurança”.
“Permitam-me que use desta oportunidade para abordar o tema segurança, que tem afectado alguns distritos de Cabo Delgado e duas províncias do centro do país. Isto é, Manica e Sofala”, cujas consequências afectam “todo o povo moçambicano”.
Daí veio a essência que do que se pode considerar uma resposta, indirecta, a Armando Guebuza: “Não vamos admitir que uma única franja da sociedade invoque o sofrimento do povo moçambicano para colheita de interesses de grupos”. “Quero perante todos os moçambicanos afirmar, como o fiz no ano passado, sem querer comparar com os processos de paz passados, porque não são iguais, estamos agora perante o terrorismo, não podemos dizer luta dos 16 anos, não tem nada de comparação. O terrorismo é uma nova experiência para o povo moçambicano. São totalmente diferentes essas realidades”, o Chefe de Estado.
Adiante, o Presidente Nyusi disse: “temos consciência das nossas limitações materiais e históricas mas as mesmas não podem ser confundidas com ausência de energia e sobretudo como falta de predisposição para nos defendermos em todo o território nacional contra qualquer tipo de inimigo”.
Segundo Nyusi, é também verdade que “todos nós temos conhecimentos das limitações que o país atravessa nesta fase de construção da Nação. Prioritariamente, todos os reforços que temos deviam ser aplicados para a criação do bem estar do povo moçambicano e não para actos de defesa”.
Contudo, acontece o contrário, na tentativa de acabar com a violência armada no centro e norte.
“Depois de termos atingido a paz definitiva (…), os partidos políticos” e demais órgãos assumiram o compromisso de dirimir as suas desinteligências por via do diálogo.Mas também é o que acontece.
Nyusi reafirmou o compromisso do seu Governo de tudo fazer para assegurar a ordem e assistências às famílias vítimas do conflito em Manica,Sofala e Cabo Delgado.
“Que fique claro, que qualquer ameaça, ataque ou tentativa de destabilização de qualquer ponto do país, usando qualquer método subversivo, constitui um atentado à coesão e à unicidade do povo moçambicano.
E como tal reagiremos como povo realmente unido, uno e indivisível (…)”, disse.
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