EUA têm provas de que 150 milhões de dólares em subornos foram para funcionários públicos moçambicanos

Os Estados Unidos da América (EUA) acusam Moçambique de "perseguir" a extradição de Manuel Chang para proteger o antigo Presidente Armando Guebuza e altos quadros do partido no poder, suspeitos de terem recebido 150 milhões de dólares em "luvas".

EUA têm provas de que 150 milhões de dólares em subornos foram para funcionários públicos moçambicanos


"Os Estados Unidos têm provas de que 150 milhões de dólares [138,1 milhões de euros] em subornos foram para funcionários públicos moçambicanos, incluindo 10 milhões de dólares para o partido Frelimo, em Moçambique, e 60 milhões de dólares para Armando Guebuza (ex-Presidente) e o seu filho", lê-se na submissão dos EUA para a extradição do ex-ministro das Finanças moçambicano.

O pedido, a que a Lusa teve acesso, foi enviado recentemente pelo Departamento de Justiça dos EUA ao ministro da Justiça da África do Sul.

"Portanto, os Estados Unidos estão preocupados com o facto de Moçambique estar a perseguir a extradição de [Manuel] Chang para possivelmente proteger membros de alto nível do partido Frelimo", adianta o Governo norte-americano, no documento datado de 27 de fevereiro de 2020.

Além destes montantes, na submissão ao ministro Ronald Lamola, em reação ao novo pedido de Moçambique para a extradição do seu ex-governante, detido há cerca de três anos na África do Sul, os EUA sublinham que as autoridades policiais norte-americanas "obtiveram legalmente centenas de documentos bancários" de bancos norte-americanos e ‘emails' entre os co-conspiradores, a detalhar toda a fraude.

"Esses registos bancários e ‘emails’ contêm provas dos subornos e comissões que Chang recebeu pela sua participação no esquema", adianta a submissão norte-americana.

Nesse sentido, o Governo dos EUA destaca que em 17 de outubro de 2013, um dos co-conspiradores de Manuel Chang discutiu "a necessidade de faturas fabricadas para distribuir o dinheiro do suborno por funcionários do Governo", incluindo "fees" de "consultoria" para "o Pantera (Chang)" na ordem de cinco milhões de dólares (4,6 milhões de euros).

"Em 20 de outubro de 2013, três dias depois de os co-conspiradores de Chang terem discutido o pagamento de 5 milhões de dólares pela sua participação no esquema, os registos bancários mostram uma transferência eletrónica de 1,5 milhão de dólares [1,382 milhão de euros] através do Eastern District de Nova York para uma conta bancária em Espanha que recebeu os subornos de Chang", lê-se no documento.

"Por volta de ou em 11 de novembro de 2013, os registos bancários mostram outra transferência bancária de 1,5 milhão de dólares através do Eastern District de Nova York para a mesma conta bancária em Espanha. Por volta de ou em 4 de dezembro de 2013, os registos bancários mostram mais uma transferência de 2 milhões de dólares para a mesma conta bancária em Espanha", adianta.

Lusa

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