Os episódios de seca em Moçambique vão ser mais frequentes e o país deve precaver-se para os enfrentar, alerta Olman Serrano, novo representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) no país, em entrevista à Lusa.
“A seca vivida aqui em Moçambique vai continuar e é muito importante estar preparado”, referiu aquele responsável.
O sul do continente africano viveu em 2016 a pior seca em 35 anos, devido a uma conjugação cíclica de fenómenos meteorológicos conhecida como El Niño, segundo dados da ONU.
A falta de chuva no sul de Moçambique esgotou as reservas de sementes e outros produtos agrícolas que a maioria da população usa como alimento.
Dois anos depois, o problema parece atenuado, mas mantém-se: a estação das chuvas, que terminou com a chegada de abril, foi abundante (e até destruidora) a norte, mas fraca a sul.
Dados das agências das Nações Unidas apontam para uma estimativa de 24% da população em insegurança alimentar, com as zonas mais expostas à seca no sul e no interior leste.
São quase sete milhões de habitantes, que não sabem de onde virá a próxima refeição, nem quando chegará.
Mesmo a capital, Maputo, habituou-se a viver com restrições no abastecimento de água, que só jorra das torneiras dia sim, dia não.
“Moçambique principalmente - e a África do Sul - é uma das zonas mais afetadas no planeta”, realça Olman Serrano.
Aquilo que era um fenómeno cíclico pouco frequente torna-se persistente, refere, ao reportar-se a dados do último século: “se vir a tendência dos últimos cem anos, de como o clima está a mudar”, estão associados “impactos em muitas partes do mundo”, acrescenta.
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